Vi - Te - Bem

Íngreme é a descida.
...e ainda sinto o cheiro do mar.
A cachoeira.
O que poderia ser mais leve do que a água quando cai?
Ou, a água quando sai?
O que poderia ter a cor de um olhar quando se vai?!
Ou o esconderijo fugaz das mãos quando se atrai?

Qual a força do instante?

A Magia da história.
A memória...
Frágil, como quem quer voltar.

Esqueceu.

Até que lembrou.

Há um rosto lá no final.
A rede balançou...
Caiu apenas metade.

Gutierrez Del`Amar

Travessia

As travessas da rua.
O trovejo da Lua.
A cantata, cantada da pele nua.
A fruta (...) Uva.

Passagem.

Atravessei-te ponte doce.
Gozei-te profundo amor.
Debaixo dos teus cachos, lisos, licor...
bebi, bebido ardor.
Meu desejo liso, alisado passou, pela fresta aberta onde o Sol andou.

Passagem.

Sacudi, sacudido eu fui.
apertei, segurei e senti.
...aquela sensação converti.
No ato da visita sutil.
Meu suor explodiu.

Travessia.

Nunca vi uma uva branca.
Rosa, é o teu casulo.

Gutierrez Del`Amar

Pingo de Água

Catei entre as folhagens dos galhos suspensos

entre folhas densas e largas, teus olhos de rubis.

Encontrei o fruto, maduro e molhado, pingado

pelo o orvalho, de uma noite Hostil.

Brindei e brinquei, com o dia regado, pela imagem

rosado, dos teus lábios sutis.

Dancei, tropeço amado...

Armado e forjado por um sorriso sem fim.

Do teu inocente abraço, até o beijo molhado

senti...

Há amores que são amados

...e outros são inventados, mas

como o teu, eu nunca vi..

Gutierrez Del_Amar

Tua Costa

Tua costa.

Uma ponte sem atalhos.

... vale de cheiros suaves (...)

Teu jardim.

Um verde de cor.

Um cheiro de flor.

Uma curva sem fim.

Uma uva pendurada.

Uma ponte recuada.

Uma gritaria silenciosa se escutava.

Nesse silencio, o som cantava.

A canção ao seu ouvido, ela ansiava.

...e agora, já dormindo, o amor despertava.

Quem demora, olha o vento.

Quem não colhe o fruto, passa o tempo.

Quem perde o sonho, ganha um lamento.

Tua costa...

Rampa lisa, sem atalhos.

Gutierrez Del`Amar

Ticle,Ticle,Ticle...

Andei devagar.

Teus cabelos são lisos, não quis escorregar.

Teus olhos são constantes (...) olhas sem parar.

Dancei, na curva turva (...) eu tinha onde me segurar.

Parei um pouco, rabisquei do lado (...) eu tinha muito o que pensar.

Escrevo o que penso, desenho o que vejo, não posso me controlar.

Não conheço outra linguagem mais forte, do que aquela que nos faz amar.

Em meu relógio, marca a hora.

Já é hora de em ti, cantar.

Minha música é silenciosa, não vou lhe revelar.

Se quiseres ouvir, abre a janela do teu quarto e pede à um pássaro, me chamar.

Gutierrez Del`Amar